quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Sobre o amor

É esbarrar-se e ser consumido
O amor não possui um limite conhecido
É abaixar a guarda e estar vulnerável
E esperar surpreender-se com o inevitável
É voar quando bem quiser
E voltar, fazer morada no peito de quem ali estiver
É como enxurrada de alegria
Mas também como terriveis abismos de decepções que alguém colecionaria
É despir-se de si mesmo perante alguém
É reconhecer que sem ele (o amor), se é ninguém
É aceitar a diferença em seu seio
E perceber que de perto pode ser belo, o feio

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Caraminholas



Tempo é passagem
Espaço é mutável
E se a fórmula da velocidade é Espaço/Tempo
Prefiro aprender com a canção:
♪“Ando devagar porque já tive pressa”♪
Definir o subjetivo com objetividades é perfumaria
Cheira bem, mas logo passa
Não chega perto da descoberta da essência
E no compasso despassado da vida
Que segue em notas dissonantes
A gente aprende que pessoas são mundos inteiros
Construídos em histórias, gostosuras e travessuras
Não podem ser resumidas
Nunca inteiramente conhecidas nem por si próprias
Por quê, então, o desejo de tornar-se hoje
O que só o amanhã trará?
Talvez uma expectativa bonita do melhor que se pode ser
Me deparo com estes versos sem rimas
Tentando não envaidecer-me com estruturas proselitistas
De poeta, apenas a admiração pela vida
Com o necessário pra dizer
De forma simples, a única que eu sei fazer
O que só você poderia entender.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A beleza do fracasso

           Certa vez Aristóteles disse: "Se as coisas são maravilhosamente adequadas às suas finalidades, e elas são singulares, é porque as finalidades também são singulares. Se todos nós tivéssemos a mesma finalidade seríamos iguais. A nossa finalidade é singular na medida da nossa singularidade". A visão que temos a respeito de nós mesmos se perigosamente moldada por uma sociedade e criação que exigem de nós que não sejamos o que nascemos para ser em nossa singularidade de finalidades, pode gerar uma um abismo em nosso sentido existencial, um buraco negro que suga toda a vida em suas nuanças orquestrais e todas as expectativas de uma vida cheia de potenciais.
            É realmente impressionante olharmos a quantidade de medalhas que os grandes campeões olímpicos possuem em suas modalidades, ou os troféus de determinados atletas, eles guardam tudo em vitrines e aquelas vitórias ficam eternizadas em suas belas estantes que seres mortais como eu e talvez você, nunca iremos alcançar, por mais que invejemos e nos esforcemos para tal. Existe uma sede de vitória e busca por bons resultados em tudo que fazemos, não porque queremos fazer tudo com o melhor que temos, mas porque de alguma forma queremos e gostamos de exibir nossos números e feitos maravilhosos a todos os amigos, uma espécie de transferências do facebook para a vida real, só que no nosso discurso. – Por que facebook? – Alguns vão me perguntar, e minha resposta é bem simplória: O facebook é o “mundo ideal, a utopia” de Platão, só que virtual, não mais somente no campo das ideias.
            -Onde o tema do texto se encaixa nisso tudo? – Em tudo! A verdade é que o nosso pragmatismo nos cega para coisas realmente importantes na vida e nos distraímos nas seduções das grandes vitórias que podemos colocar em nossas estantes da vida ao perdermos de vista os grandes benefícios que os fracassos e as quedas podem nos ensinar. A verdade é que incontáveis derrotas, não são, de fato, derrotas. A verdade é que apesar de tudo, o clichê: “tudo tem um lado bom” tem um Q todo especial e belo, que poucos valorizam.
            Deixem-me citar um exemplo para ilustrar meu pensamento: Um homem que passou 30 anos se preparando para atuar somente em 3 anos de vida e durante esse processo foi rejeitado pela grande maioria, sua mensagem não foi belamente recebida pois ele não possuía a intenção de ser compreendido por todos (pasmem!), um homem que foi rejeitado inclusive por alguns de seus mais chegados e teve a morte mais vergonhosa de todas. É dEle mesmo que estou falando, o Deus poderosamente fraco, Jesus! Possuindo o poder e as ferramentas para executar absolutamente tudo quando quisesse, submeteu-se à vontade do Pai e fracassou vergonhosamente aos olhos dos homens que não possuem a fé de enxergar através da cruz e perceber a gloriosa vitória alcançada por seu “fracasso”.
            Perdemos nossa vida construindo as tais estantes vitoriosas para mostrar a outrem, esquecemo-nos que, como diria Saint Exupéry: “o essencial é invisível aos olhos”. Perdemos nossa vida confundindo a importância de ser relevantes existencialmente com a importância de ganharmos nossas medalhas e troféus, não importando o custo dos mesmos. Perdemos a nossa vida correndo atrás do vento, perdendo tempo. Perdemos nossa vida no eterno conflito ser/ter.
Portanto, meu amigo, se assim como eu você é também um fracassado, bem vindo ao mundo daqueles que enxergam que nem todo fracasso é ruim, e por isto, já não se importam mais se aparentam serem fracassados ou não, já não se importam mais com a imagem que possuem por terem errado, caído, enganado-se em escolhas erradas, não esforçado o suficiente ao mesmo tempo em que tentaram fazer a coisa certa. Não estou afirmando que todos os nossos erros são justificáveis, estou apenas alegando que nem todas as perdas  e insucessos aos nossos olhos são tão ruins quanto pensamos.


Trago-lhes boas novas, meus nobres perdedores: Algumas derrotas são melhores que vitórias, e há uma beleza MUITO peculiar em algumas delas.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Dessensibilização



Acredito que a dessensibilização é um dos processos mais difíceis da vida. Ele é tão sutil que o dessensibilizado não percebe que já não sente o vento da manhã em seu rosto enquanto um novo dia vem com todas as possibilidades de novidades, não enxerga nem mesmo que existem possibilidades de múltiplas possibilidades para quaisquer decisões que resolve tomar. O dessensibilizado não consegue perceber o calor de um abraço ou aperto de mão, nem se sentir assombrado ao pensar sobre sua própria existência, ou sobre o impacto que poderia haver no mundo a falta dela. O dessensibilizado não se contagia com sorriso de uma criança, não se sente impelido a planejar diante dos tantos planos de um jovem (mesmo sabendo que a grande maioria deles nunca irá acontecer) e não se sente reflexivo diante da experiência de algum ancião. O dessensibilizado não vê poesia na vida, não olha pro céu, tropeça em suas próprias lamúrias e cai em seu chão de tédio inerte. A dessensibilização pode ter acontecido por incontáveis motivos, com qualquer um e em qualquer lugar, posso até ir um pouco mais longe, e afirmar que além de ninguém estar imune a este estado vegetativo de vida (mas, boa notícia, é passageiro), podemos passar várias e várias vezes pelo mesmo.

E hoje, o que eu mais espero, é que eu nunca tenha a pretensão de achar que sou imune ao processo de dessensibilização, e que todas as vezes que por ventura ela resolva bater à porta de novo, que dure o mínimo possível, e quando for embora, que deixe em mim lições de tudo aquilo que eu não desejo ter/ser.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

E o que mudou?


Anos vão se passando e esta pergunta volta e meia ressurge como uma aparição fantasmagórica tentando nos assombrar e nos mostrar que grande parte de nossos planos e objetivos não se cumpriram como havíamos planejado. É bem verdade que, segundo Platão, o mundo das ideias, ao contrário do mundo sensível (material) onde tudo se encontra imperfeito em sistemática desordem, tudo nos parece muito mais brilhante, afinal, o “ideal” é exatamente a ideia que se tem de uma realidade onde tudo está em perfeita harmonia, totalmente como planejado, em perfeito equilíbrio, etc etc etc...
À primeira vista o mundo ideal parece ser bastante atrativo, já que é feito de perfeições e realizações plenas, mas é também um mundo cheio do mais puro “eu” que possa existir, sem espaços para absolutamente nada que vá de encontro ao meu desejo maior em relação ao objeto ou situação que se pretende.
A verdade é que ao enxergar o “mundo ideal” não vejo possibilidades para confrontos, decepções, frustrações, e todo tipo de “guindastes” demolidores de nossas personalidades e sonhos. Não há espaço para uma reconstrução e tudo de belo que pode vir após o temporal, pois o perfeito é inteiro em si, restando apenas um único problema: “o meu perfeito, é perfeito de fato?”.
Pensando nisto é que chego à outra pergunta: “e então, o que mudou em mim nestes últimos anos?”. Alguns fatos interessantes: Ainda não tenho absolutamente nada material do que sonhava que teria quando chegasse aos 26. Ainda não tenho minhas crises miraculosamente resolvidas pelo simples fato de que o tempo está passando. Ainda não tenho a carreira que gostaria. Ainda não sou a metade do ser humano que havia projetado que seria. Ainda não sou o cristão que sonhava ser.
Meu caro e raro leitor que com certeza reparou no claro destaque para tudo aquilo que não alcancei, e suponho que você também tenha enxergado ainda que um pouco de si em tudo isto, ainda que não nas mesmas coisas, mas pensado em tudo que ainda não atingiu. Eis algumas boas surpresas para minhas respostas referentes ao “que mudou”: Surpreendentemente encontro-me mais contente em ter não ter alcançado todas estas coisas acima. Percebo que meus altos já não são tão mais altos assim, e os baixos já não são mais tão profundos também. Vejo que todas as decepções/frustrações exercem uma influência positiva em combate ao meu lado hedônico e egoísta.
Como já havia afirmado em alguns outros textos: a utopia é boa para que através dela possamos sempre continuar caminhando em direção ao ideal, que de fato, nunca acontecerá, mas há uma beleza peculiar em tudo aquilo não alcançado, em todo esforço reconhecido e não reconhecido, em todo sorriso e lágrima que semeamos ao longo do caminho, em todos os abraços dados e passos para trás ao negar contato.

E então “o que mudou?”. Eu mudei, a vida mudou, o tempo mudou, as pessoas ao meu redor mudaram, a minha conta bancária mudou (pfff, mentira, essa continua a mesma... kkkkk). Hoje percebo que quanto mais simples eu puder ser em planejamentos, ações, comportamentos, etc, mais eu mudarei, e quanto menos me preocupar em mostrar mudanças, mais terei efetivado com sucesso tal processo.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Pés no chão?


Quantas vezes somos ameaçados pela expressão: “mantenha os pés no chão”? Acredito que muita gente se utiliza disto como disfarce para uma angústia de alguém que não entende o que é ser sonhador. Não discordo completamente da ideia de que precisamos ter os pés no chão, o que realmente me incomoda é o fato de que muitos se consideram “realistas” quando são fatalistas. O fato é que gostamos e procuramos ouvir a tudo e todo aquele que tentam nos frustrar. Se não nos damos ao prazer de tirarmos os pés do chão nos enfadaremos da realidade chata onde não somos e nunca seremos aquilo que desejamos. Lembro-me quando sonhava que tinha super poderes e acordava frustrado (sim, eu sou desses! Rsrs). O que existe é uma necessidade de transcendência na natureza humana que os não sonhadores nunca entenderão, e ainda que sonhadores, ninguém além de você vai saber o quanto te fará bem tirar os pés do chão uma vez ou outra, afinal, você não precisa se cobrar tanto assim a ponto de suprimir as alegrias e detalhes das coisas que você só alcançará no plano ideal (que nunca se realizará), e ainda que utópico, te fazem caminhar.

Pés no chão? Sim, mas com a liberdade de tirá-los quando necessário, ou mais, quando desejarmos tirá-los pelo simples motivo de querermos e ponto.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Vida

Presenciar o novo nascer
Relembrar o velho morrer
Viver a saudade da nostalgia
Mostrar o vício pela alegria
Que todo ser esconde e busca
Seja na luz ou na penumbra,
Seja no centro ou na divisória
No fim do mundo ou começo da história
Tudo se resume a um vislumbre
Um olhar nos olhos do Ser perfeito
Do Criador do qual suspeito
Ter um amor tão grande pelos imperfeitos
Que as rimas não podem falar direito
O que traz ao fim este mero poema
De um escritor que abandona as explicações para este tema
Já que palavras não são suficientes

Para descrever um ser transcedente

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Tirando a máscara



Pensei em várias formas de escrever sobre quem realmente sou
Para que de algum jeito fosse menos tenebroso, menos obscuro
“Um texto?” Pensei...
Poesia? Talvez...
Porque no fim das contas a vida é assim, nada exato como na matemática
E se alguém se identifica: te digo, meu amigo, é puramente uma questão carismática

Sou mais um refém de minhas próprias palavras duras
Algumas vezes acusador, outras, apenas um ser angustiado em suas penumbras
Um hipócrita com todas as letras, sem medo de escandalizar-te, meu caro leitor
E se ainda existe alguém que me achava certinho, meus pêsames, de longe errou
Qual o motivo de ostentar uma boa imagem? 
Será que esta poesia é uma autosabotagem?

Aos poucos me lembro de algumas mazelas, manias e até espertezas
Oh como seria ruim, se alguém conhecesse minhas profundezas
Não sei exatamente o porquê da necessidade de expressar tudo isto agora
Talvez porque dentro de mim a mudança grite: “Ande logo, sem demora!”
Alguns podem achar que isso tudo é insanidade
Citando Salomão, pergunto: “não é tudo vaidade?”

Entre um verso e outro sou tentado a não me achar tão ruim
Mas permaneço focado em dizer a mim mesmo que é assim!
Quem sabe eu não seja o único a quem estas coisas consomem
Desfaço-me das doces ilusões da síndrome do super-homem

Como cego: sem rumo e errante
Algumas vezes assemelhando-me a um Frankstein ambulante
Tão distante do que gostaria de ser
Tão focado em tudo que gostaria de ter
Envergonhado dos planos fracassados
Das feridas abertas e dos maus conquistados

Este sou eu lutando para que tudo isto se transforme em algo bom de verdade
Este sou eu sem medo de admitir o meu poço de maldade

No fim das contas, se de antemão não fosse comprado a preço de cruz
Voraz seria minha aptidão em desviar-me da luz
Aceito com dificuldades que sou perdoado
A preço de sangue comprado
Sou alguém que nasceu perdido, da graça, totalmente desprovido
Mas achado antes que houvesse tempo. Escolhido
Idéia paradoxal, algo que ainda não entendo completamente
Mas aos poucos, respostas encontro lentamente.

Sem máscaras, quem somos? O mocinho ou o vilão?
A única resposta que pode ser considerada uma conclusão
É que Se não fosse por Cristo, mesmo este que se reconhece que filho amado
Nunca de si mesmo teria se transformado

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A noiva zumbi e as 5 Solas



Ok, admito... Esse é um texto muito mais carregado de revolta e tristeza do que de poesia, porque ainda prefiro nadar contra a maré mesmo que temendo me afogar, prefiro que minha voz seja apenas uma das poucas que gritam não em meio a uma multidão que grita sim, prefiro ser tido como menos espiritual do que me render ao sistema de costumes impostos ideologicamente pelos semideuses e arcanjos da fé. Reuni alguns pensamentos para construí-lo. Então vamos começar questionando alguns pontos e explanando um pouco das “5 Solas” da reforma protestante:
Por que nos parece mais poderoso quando alguém ora dizendo "profetizo" do que quando alguém ora humildemente dizendo "Senhor, meu desejo é que..." finalizando com um "mas que seja feita a tua vontade" quando esta forma é muito mais parecida com o que o Jesus de Nazaré ensinou? Não seria esta uma tentativa de "manipular" a vontade de Deus? O modelo que Jesus nos fornece de oração em MT 5, Jo 17, e MT 26 e até a oração do publicano que Ele elogia é completamente diferente do que julgamos ser uma "oração poderosa". Neste ponto, entendemos a angústia dos pais da igreja que devem se revirar no túmulo quando as experiências pessoais (não sou contra elas) se tornam doutrinas (sou contra estas) ao afirmarem: Sola Scriptura, somente as escrituras são suficientes para revelar-nos quem é Deus, pois Jesus foi a plena revelação de Deus.
Por que quando dizemos o jargão de que a árvore se conhece pelos frutos no “mundo gospel” pensamos logo em “quantas almas” (como se almas se não fossem pessoas com um corpo e uma psique) a tal árvore ganhou para o reino? Primeiro que eu não ganho ninguém, apenas divulgo a boa nova que me alcançou e o Espírito é quem convence do pecado e segundo que a própria bíblia nos dá um exemplo de fruto do espírito pelo qual deveríamos ser reconhecidos em Gl.5: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança". Soli Deo Glória, só a Deus a glória, porque tudo foi criado dEle, por Ele e para Ele, e as “almas” e o fruto do espírito devem glorificar a Ele.
Sonho com o dia em que todos vamos nos olhar e nos reconhecer como um único corpo de Cristo. Sonho com o dia em que os pastores irão pensar mais no reino de Deus e do que no reino de seu domínio. Sonho com o dia em que a noiva deixará de ser zumbi e andar errante para ser a noiva do Cristo.  A verdade é que vejo a noiva (num contexto geral) como um zumbi com o corpo mutilado e as feridas em decomposição. Solus Christus, somente Cristo, Ele é o Deus que cura e um dia irá curar e buscar a sua noiva, somente Cristo para amar incondicionalmente sua noiva do jeito que está.
Em um tempo caótico onde a submissão e a obediência aos líderes está acima até da autoridade dos pais, onde vê-se pessoas vendendo indulgências e cobrando trízimos para a prosperidade e salvação, onde os homens se auto-consagram algo próximo à 4 pessoa da trindade, onde milagres viraram produtos de vitrine, onde a fé virou um show de TV, é muito normal que alguns sensatos acabem por entrar em um “mini pânico”. Sola Fide, só a fé (em Deus), para que não percamos de vista o essencial, só a fé para que continuemos caminhando com os olhos fixos no único que é Deus, e desta forma, esta falsa cópia de evangelho pregada pelos homens com fé apenas em si mesmos seja abafada até silenciar-se diante do Deus Criador.
Uma vez que entendemos quem somos nunca iremos deixar de ver que somos todos mendigos aceitos pelo Rei, acolhidos em seu reino e muito mais do que isto, postos à sua mesa para cear com Ele. Somente um Deus que é completamente amor teria a capacidade de fazer isto, e por isto deixei a última sola de propósito, pois ela é a que mais demonstra um carinho paternal onde todos somos protegidos, e pela qual somos salvos. É ela, a Graça! Minha boca se enche ao dizer esta palavra, porque é literalmente maravilhosa, meu coração se entorpece de alegria e minha alma vibra ao ouví-la. Certa vez ouvi que evangelizar é um mendigo dizendo a outro mendigo onde encontrar pão (Spurgeon), e somente um mendigo que sabe o que é fome saberá dar necessariamente o valor do pão. Sola Gratia, SOMENTE PELA GRAÇA somos todos nivelados por baixo, ao ponto onde o sangue de Jesus nos redime e nos faz ser aceitos em uma explosão de compaixão e ternura, e desta forma, salvos.

PS: acredito sim que existe uma parte deste corpo de Cristo que continua intacto, comprometido e incorruptível, mas infelizmente é assim que percebo o contexto geral no mundo gospel, é assim que muitos fora do "arraial de canaã" enxergam a nós, como igreja.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Adeus ou olá? Os dois!



Tenho pensado na carga emocional de alguns lugares que certamente não são os lugares onde alguém gostaria de pedir ou ser pedido em casamento ou passar os melhores e mais momentos marcantes de sua vida, lugares onde o adeus e o olá se abraçam de forma terna para dar partida a novas coisas: temporais ou permanentes. Estou falando de rodoviárias e aeroportos. “– Mas qual a relevância de falar sobre rodoviárias e aeroportos?”. Reconheço que talvez não seja o tema mais interessante, mas estes lugares tem feito parte da minha vida ultimamente e tenho pensado muito sobre isso, então vamos lá:
Uma vez ouvi que todo adeus é um olá. Talvez isso faça muito mais sentido para todos aqueles que já deixaram suas casas para aventurar-se numa terra desconhecida e desafiadora onde, sem sombras de dúvidas, iriam se deparar com uma palavra que por vezes é um monstro atormentador e por vezes é um anjo salvador vestido de roupas reluzentes (ow glórias):  “o novo”. Bem... o novo nem sempre é desejado ou planejado, nem sempre é o que gostaríamos ou esperávamos, mas de fato o novo é sempre novo, e como todo novo traz consigo aquele friozinho na barriga, é desnecessário (neste momento) afirmar o denso significado de tal expressão.
Quem nunca se sentiu angustiado ou aliviado a caminho de algum aeroporto ou rodoviária desejando que os segundos passassem cada vez mais devagar (para os que partem) e cada vez mais rápido (para os que chegam)? É lógico que existem exceções onde a alegria é pelos que partem, mas esta não é a maioria dos casos (é uma pena, existe muita gente mala... rsrs).
Fico imaginando se esses lugares pudessem contar histórias. Tenho a certeza de que até mesmo você que está lendo o texto deste humilde aspirante a blogueiro, já buscou na memória e visualizou ou parou pra respirar fundo diante de alguma lembrança.
O fato é: acredito que a cada despedida um pouco de nós fica e um pouco dos outros vem junto. A saudade é como a gripe, enquanto você estiver vivo, nunca escapará dela! Cada olá traz consigo novas possibilidades e desafios, e ainda que nem sempre querendo continuar a andar, nos resta a opção única de sermos cada dia mais fortes neste livro inacabado chamado vida.

O meu desejo é que a cada partida eu saiba deixar a saudade da companhia ao mesmo tempo em que as marcas de transformação em mão dupla são evidenciadas. E que a cada olá eu possa ter a humildade de reconhecer que este novo capítulo merece tanta atenção e dedicação quanto o anterior, que o caminho para uma rodoviária ou aeroporto seja regado com sorrisos e lágrimas, mas sempre de felicidade e sensação de dever cumprido.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Vaidade

Olhei debaixo do sol e vi
Tudo é vaidade
A busca aflita,
Espera infinita
Procurando felicidade
Amores eternos
Que findam no fim do mês
Olhares que brilham de paixão
E depois ironia descortês

Olhei debaixo do meu teto e vi
Tudo é vaidade
A pressa frenética
Da correria vendada
Que não vê que seu destino
É uma lápide bem lapidada
Por que querer tanto
Correr atrás do vento?

Olhei para dentro de mim e vi
Tudo é vaidade
Disfarces, sorrisos, apertos de mão
Quem conhecerá meu coração?
Nem eu conheço, e finjo conhecer
Sabendo que só o que irá render
É uma falsa satisfação
E mais uma representação
Parabenizando um teatro planejado
De alguém cujo equilíbrio foi roubado

Olho para tudo,
Não sei mais para onde olhar
Então percebo que alguém me olha
O Ser que soprava antes e agora
A vida eterna, finita e roubada
Restituída, perdida, encontrada
Que a eternidade em meu coração colocou
Para lembrar-me sempre de para onde vou
Quando enfim a vaidade cessar
E o vento parar de soprar
Tudo é vaidade
Menos a eternidade

Mellina Amorim

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

a.ma.du.re.cimento



Me perdoe o professor Pasquale e a tia Elizabeth do Ensino Fundamental pela nova divisão silábica. Tenho uma definição agridoce para este caminho que persegue alguns seres humanos e ignora outros.
Enquanto alguns “frutos” esbanjam sua “maturidade” aos “verdes”, tenho degustado o amargo do processo que isso exige. O tempo trouxe quedas, graça, decepções, oportunidades, pessoas, amigos, irmãos... como também levou muitos deles. Desapontamento é algo constante a todos nós (percebo uma overdose disso em mim nos últimos meses). A vida vai tomando caminhos inesperados por nós, mas esperados e designados pelo Criador. São caminhos misteriosos, cheios de pedregulhos e desertos, lugares difíceis de permanecer, lugares que clamam pela morte. Solidão, escassez, fragilidade... para mostrar que nunca estamos sós, abandonados, vencidos.
Um ar de autonomia começa a impregnar o lugar das decisões. As pressões exteriores, as expectativas de outros e a dependência do “ninho” perdem a importância e chegam a ser tratados com aversão. Os velhos valores dão lugar a filosofias de vida cada vez mais equilibradas e concretas, ensinadas pelo Mestre “no Caminho”.
Tempo de pegar pás e desenterrar sonhos soterrados pelo “velho obscuro”; crer e viver no propósito irrevogável: servir... sem olhar pra trás... sem viver em lamentos... procurando sempre dar o máximo de si.
E diante do desafio de amadurecer, vem mais um desafio: enquanto se prova o azedo da vida, manter o sorriso e estender a mão. Somos tentados, em tempos de crise, quando o “.cimento” começa a endurecer, a focarmos nosso olhar e cuidado em nós mesmos e esquecermos que existe um mundo inteiro em crise do lado de fora.

“Dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.” (Ap. Paulo, em 1ª Tessalonicenses 5:18)

#SatisfaçãoNoEternoSempre #SobControle


Rômulo Silva

domingo, 11 de janeiro de 2015

Dizem

Dizem ser eu um jardim
Dizem existir um Jardineiro
Dizem que Ele tudo vê
Não sabem que escondo em mim um mundo inteiro

Dizem que sou doce e meiga
Dizem que sou distante e fria
Dizem que estou acima de tudo
Ou abaixo da melancolia

Já não sei mais o que dizem
E nem sei o que dizer mais
Me torturo de curiosidade
E de indiferença tenaz

Faço jus a meu apelido
De boneca bonita e oca
Não sabem os meus leitores
Que leem o diário de uma louca

                                         Mellina Amorim

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Reinventando o caminhar




Se lembrar é também viver, que lembremos somente do que nos faz olhar para frente. Que encontremos a esperança esperada ao ouvir aquela música que já fez o coração pulsar mais forte de alguma forma, e se for pra ouvir, que ouçamos mil vezes, como quando nos apaixonamos pela melodia e cantarolamos o dia inteiro, sem sair da cabeça e sem nos fazer enjoar dela.
Se esperar é também caminhar, que o esperar torne-se uma constante crescente. Que a paciência e o tempo andem de braços dados conosco como amigos que caminham pela chuva sem preocupações com resfriado, esperando apenas a chegada em casa para uma bela xícara de café e o aquecer de roupas secas.
Se nossos maiores sonhos apenas poderiam acontecer num plano “ideal”, que entendamos que a utopia nos faz dar um passo em direção a tal realidade, e por mais que andemos e a distância nunca diminua porque o passo é dado por nós em direção à utopia e pela utopia conjuntamente em repulsão, tal movimento produz a energia necessária para que não morramos na inércia da desistência.
Se tudo é feito para quebrar e ser substituído, que sejamos sensíveis ao perceber o que é necessário, para não investirmos forças e tempo no que é supérfluo. Que entendamos que as pessoas são o bem maior da criação, os tesouros que o Eterno nos permitiu o compartilhar da vida.
Se a fé é o firme fundamento das coisas que não se veem, que nosso respirar, abraçar, beijar, rir, chorar, brigar e tudo quanto fizermos, sejam apenas um reflexo do que é ser humano, que a beleza de perceber-se a si como falho seja o grande despertar para entendermos que seremos eternamente reféns da graça, laçados pelo afeto, e humilhados pela bondade dAquele que é o próprio amor.


Sinval Guerra

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sinto saudades


Algumas coisas na vida deixam o gostinho de saudade, aquele tipo de saudade que nunca vai ser saciada, uma saudade nostálgica que não precisamente traz em si a dor da falta.
Sinto falta da época que jogava bola na rua todos os dias (descalço), chegava em casa sem um tampo do dedão e ainda apanhava por causa disso e o merthiolate ardia que só (e como ardia!!). De jogar peão, bola de gude. Sinto saudade da época em que acreditava que o velho do saco existia e essa ameaça me fazia fazer qualquer coisa que minha mãe quisesse. Sinto saudade da lenda do carro preto (aquele com as janelas, roda e tudo preto, que sequestrava as crianças), que atormentava a vida qualquer criança vivente que queria ficar na rua além do horário permitido pelos pais, mas não pegava as crianças obedientes.
Sinto falta daquelas crenças populares em que engolir chiclete grudava as tripas e por isso chorava toda vez que sem querer, o fazia. Também tem aquela famosa de que quem olha com olho torto no vento ficava vesgo pro resto da vida, ou ainda que quem comesse semente de melancia nasceria uma árvore no estômago e tomar banho de piscina chovendo gripava, sem esquecer é claro, da famosa manga com leite que era quase fatal.
Sinto falta da inocência de brigar com alguém e logo em seguida abraçar e brincar como se nunca houvesse briga, da simplicidade de soltar pipa na rua ou brincar de estilingue ou guerrinha de manga verde (as que caem do pé ainda pequenas) até machucar o outro (sem querer, claro... rsrs), saudades do tempo onde gostar de uma menina era sinônimo de querer distância dela, porque esta era a melhor forma de demonstração (tipo “os batutinhas”).

Vejo que esta saudade imensa no peito de cada pessoa é a saudade da criança que deixou de viver, ainda que não esteja morta, sucumbida pelos afazeres do dia-a-dia, e que quem sabe apreciar a falta que essas coisas fazem, sente de leve o sabor do que é aproveitar as pequenices da vida e consegue visualizar um pedacinho do reino de Deus chegando.

Mc 10:15 "Aquele que não receber o reino de Deus como uma criançanão entrará nele." 

Sinval Guerra

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

E quando as luzes se apagam?


E quando as luzes se apagam? O que fazer? Para onde ir? A quem recorrer?

E quando as luzes se apagam? Há desespero? Faltam as esperanças? O medo aparece?

E quando as luzes se apagam? Somos quem demonstramos a outros? Estamos indo na direção que desejamos? Fazemos aquilo que não podemos fazer às claras?

E quando as luzes se apagam? Temos medo de que o escuro traga o tempo necessário para enxergamos nossa verdadeira “face”? Queremos rapidamente voltar aos holofotes e nos embriagarmos de emoções vis? Percebemos que o centro das atenções é o lugar onde a falta de luzes não permite estar?

E quando as luzes se apagam? A vergonha de considerar-se incapaz diminui? A vontade de desistir da vida aumenta? A vontade de falar aquilo que de mais profundo há no nosso coração aparece em furiosa sinceridade?

E quando as luzes se apagam? Compreendo que sou aceito e me sinto humilhado pelo brilho da graça dAquele que me encontrou? Alcanço o entendimento de que minha reles justiça retributiva sempre será falha? Entendo que a única forma de ser humano de verdade é apagando as luzes?

E quando as luzes se apagam? Aos poucos vou percebendo que já não me importam mais as luzes.


I Co. 11:28 (a) “Examine-se, pois, o homem a si mesmo...”

Sinval Guerra