Se lembrar é também viver, que
lembremos somente do que nos faz olhar para frente. Que encontremos a esperança
esperada ao ouvir aquela música que já fez o coração pulsar mais forte de
alguma forma, e se for pra ouvir, que ouçamos mil vezes, como quando nos
apaixonamos pela melodia e cantarolamos o dia inteiro, sem sair da cabeça e sem
nos fazer enjoar dela.
Se esperar é também caminhar, que o
esperar torne-se uma constante crescente. Que a paciência e o tempo andem de
braços dados conosco como amigos que caminham pela chuva sem preocupações com
resfriado, esperando apenas a chegada em casa para uma bela xícara de café e o
aquecer de roupas secas.
Se nossos maiores sonhos apenas
poderiam acontecer num plano “ideal”, que entendamos que a utopia nos faz dar um
passo em direção a tal realidade, e por mais que andemos e a distância nunca
diminua porque o passo é dado por nós em direção à utopia e pela utopia
conjuntamente em repulsão, tal movimento produz a energia necessária para que
não morramos na inércia da desistência.
Se tudo é feito para quebrar e ser
substituído, que sejamos sensíveis ao perceber o que é necessário, para não
investirmos forças e tempo no que é supérfluo. Que entendamos que as pessoas
são o bem maior da criação, os tesouros que o Eterno nos permitiu o
compartilhar da vida.
Se a fé é o firme fundamento das
coisas que não se veem, que nosso respirar, abraçar, beijar, rir, chorar,
brigar e tudo quanto fizermos, sejam apenas um reflexo do que é ser humano, que
a beleza de perceber-se a si como falho seja o grande despertar para entendermos
que seremos eternamente reféns da graça, laçados pelo afeto, e humilhados pela
bondade dAquele que é o próprio amor.
Sinval Guerra
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