segunda-feira, 27 de junho de 2011

A cidade indiferente - Capítulo 4



A morte de sua mãe o deixara realmente desnorteado. 
       Aproximadamente 2 ou 3 anos depois, nosso herói descobre que seu pai era na verdade um mercenário, assassino de aluguel, e por este motivo sua mãe havia morrido daquela forma, uma espécie de vingança de uma “gangue” inimiga (ou seja lá como eram chamados estes tipos de grupos naquele tempo). A esta altura ele já tinha saído de casa e ido para um templo de uma religião conhecida pela adoração aos seus vários deuses, deixando-se enganar pela cultura destes falsos. Ele estava apenas sendo introduzido à seita.
Com 17 anos recebera a noticia de que seu pai havia sido morto da mesma forma que também sua mãe havia morrido, porém ele mais velho e menos sensível já não possuía mais sentimentos pelas pessoas (e ainda considerava aquilo tudo “maturidade” de sua parte). Esta notícia não abalou nem um pouco suas estruturas, pelo contrário, se existiam resquícios do último laço afetivo humano que ele possuía, era com seu pai, agora, já não havia mais. Não lhe restava mais nada a não ser dedicar-se de corpo e alma ao que realmente lhe interessava: ser o melhor no que fazia.
O tempo ia passando e ele ia se aprofundando cada vez na religião a qual servia. As promoções até os maiores graus iam surgindo numa velocidade espantosa, até que para atingir certo grau era necessária a prática da flagelação. Com todo seu coração envolvido na ambição do reconhecimento não contou esforços e começou a surrar seu corpo. Aquilo ia ficando cada vez pior e em seu corpo se encontravam feridas praticamente necrosadas devido ao constante flagelo.
Achava ele que os deuses se agradavam cada vez mais de sua vida e ia adquirindo um poder sobre-humano de enxergar coisas espirituais, realizar obras de feitiçarias a favor ou contra as pessoas que lhe procuravam. Isto tudo refletia na sua vida financeira, que ia de vento em poupa. Estes tipos de trabalhos eram muito caros e somente o alto escalão tinha condições de pagar por estes serviços.
Com 20 anos já era o grande mestre da religião, e procurado pelos grandes nomes era rico e tinha status, poder político, influência sobre a vida das pessoas. Mas ainda aquilo não era necessário para que ele se sentisse feliz. Haviam dias em que seus deuses lhe pediam coisas absurdas como por exemplo: sacrifícios de crianças e isto lhe deixava bastante insatisfeito portanto ele não obedecia, sendo severamente punido por este tipo de comportamento. Outros como zoofilia e por assim ia, todos os tipos de coisas imundas que se possa imaginar.
Agora nosso protagonista já não mais sabe quem é ele próprio! São tantas entidades dentro de si que o seu verdadeiro “eu” já havia sido mergulhado nas dúvidas, na escuridão de quem já não sabe quem é ou que fazer.
Certo dia passava pela cidade uma pessoa diferente, uma que não era da região. Podia-se notar de longe um brilho nos olhos que a diferenciava de todas as pessoas daquela cidade sombria. Havia algo dentro dela que incomodava nosso herói, como se de alguma forma ele se sentisse ameaçado por tamanha luz. Chegou mais perto e logo suscitou uma ira com desejos sanguinários em seu coração quando ele partiu correndo em sua direção e logo caiu de joelhos ao ver seres de enormes com espadas de fogo e vestes brancas e brilhantes que nunca havia visto em sua vida. Seus olhares brandos transmitiam paz e um calor tão aconchegante que não lhe restara opções a não ser fugir diante de tamanho poder.
Sinval Guerra

2 comentários:

  1. O conto esta se desenrolando de uma maneira interessante. Nada exagerado o desejo das entidades, afinal, esse comportamento é mais que natural pra eles lá...

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  2. cade sinval o 5?
    estou esperando :D
    esse conto é muito bom negão ; parabéns .

    marta

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