segunda-feira, 20 de junho de 2011

A cidade indiferente - Capítulo 1

Bem fiéis seguidores e leitores do blog... começarei hoje uma série de um conto que escrevi semana passada, inspirado por alguns acontecimentos e uma música em especial. Espero que gostem e que a leitura seja prazerosa! Boa leitura a todos!




-PAREM! OUÇAM-ME! POR QUE CONTINUAM ME IGNORANDO? – Gritava desesperadamente um rapaz enquanto rasgava suas roupas num desgosto que parecia tornar a sua alma cheia de temor e tremor pelas pessoas a quem tentava falar. Lançava-se numa mistura de angústia e de anseio por um pouco de atenção. Mas o povo daquela cidade continuava a negociar seus produtos em meio ao comércio com seu comportamento naturalmente indiferente que assustava alguns dos visitantes que por ali passavam e nada sabiam. No entanto continuavam a fazer o que lhes era conveniente, já que ninguém natural do lugar dava atenção para o tal acontecimento.
            -Tirem esse louco daqui! Está atrapalhando tudo outra vez!- Pensavam infelizes enquanto não se davam ao luxo nem de comentar, para que aquilo não tomasse maiores proporções, afinal aquela já não era a primeira vez que este tipo de coisa acontecia com o mesmo sujeito, falando coisas muito parecidas com as de sempre. Mas quem ligava para o conteúdo do que ele falava se o discurso era só parecido ou igual? O esforço para tentar entendê-lo não passava de uma mera perda de tempo, e tempo é dinheiro, então que o tempo seja investido para o que realmente interessa: adquirir riquezas num tempo um tanto difícil, onde quem consegue se virar para comer e vestir bem já é considerado vitorioso, destacado! Não naquela cidade! Aquela era uma cidade rica, portanto ganância pouca era coisa rara. Sempre pensavam no muito, no topo, no mais, e mais e mais... Pensavam no lucro acima de todas as coisas. O que realmente importava naquela sociedade era o poder aquisitivo.
 Havia todos os tipos de pessoas e comerciantes naquele lugar. Lá se comprava ouro, animais, fios de ceda da mais alta qualidade, iguarias. Era realmente um centro comercial da região, e como todos os centros comerciais, havia uma disputa constante que invalidava qualquer tipo de amizade, aliás, vou até mais fundo, impossibilitava qualquer tipo de relação humana. As relações eram muito robóticas, apesar de naquele tempo não existirem robôs. As pessoas se relacionavam somente quando necessário e com uma superficialidade fora do comum, todos isolados em suas bolhas de conveniência procurando seu próprio conforto e satisfação.
E o nosso esperançoso jovem em sua missão colossal parado ali, no meio de tudo aquilo, clamando por um pouco de tempo e atenção, como um pequeno broto de árvore que tenta crescer entre os espinhos acreditando piamente na mensagem que lhe fora confiada. Aquilo tudo o transformara e por que não transformaria também a todos de sua vila? Ele era visionário, não queria apenas que aquelas boas coisas acontecessem em sua vida, queria mais, era ambicioso! Mas era uma ambição completamente diferente da do povo de sua cidade, até mesmo completamente diferente de suas próprias ambições de alguns dias atrás! Aspirava ver todos impactados com aquela nova notícia que poderia mudar o curso do mundo. Era algo tão grande que tremia de pensar em falar aquelas coisas tão complexas e simples ao mesmo tempo. Era realmente muito importante. Cabia a ele anunciar  e tentar mudar a história de “sua casa”.

Sinval Guerra

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