Já faz um bom tempo que não escrevo
nada, outro dia estava conversando com minha namorada, que resolveu me
perguntar: “Por que você parou de escrever? O que está acontecendo?” e
imediatamente várias coisas passaram pela minha cabeça mas uma resposta veio
quase que instantânea: “acho que estou insensível com a vida”.
Esta resposta me deixou bastante
confuso até comigo mesmo, afinal, qual o motivo de eu haver respondido aquilo?
Estou realmente insensível ou apenas sem muita paciência de escrever? Não estou
inspirado ou estou refletindo pouco? Bem, todas estas questões são bastante
válidas quando se chega um certo momento em que você se percebe cansado física e
mentalmente, de quando você percebe que coisas que acreditava ontem já não
fazem mais sentido e você continua nesse fluxo contínuo de escolhas de
infinitos caminhos a todos os momentos (até de escrever isso já parei pra
respirar fundo, rsrs).
Não estou aqui para fazer o
milionésimo texto sobre desconstrução, estou fadado deste assunto, nem para
falar sobre assuntos teóricos ou sobre como as coisas deveriam ser ou como nós
deveríamos agir em determinadas situações (também cansei de escrever sobre
isto, percebi que muitos dos meus textos tinham este anseio, e talvez tenha
parado também por este motivo). A resposta para a pergunta do primeiro
parágrafo talvez seja exatamente esta exaustão, e não a insensibilidade, que
respondi sem pensar.
Talvez a este ponto você possa estar
pensando que estou dando voltas sem ir direto ao ponto, e aqui vamos nós: chega
um determinado período da vida onde só o que te satisfaz são as coisas que você
realiza, e vê se concretizando. Chega um momento onde planejar demais cansa, e
você percebe que grande parte dos seus planos não foram efetuados, e nem por
isto você desistiu de viver, ou está menos feliz. Quero falar rapidamente sobre
uma passagem bíblica que tem me feito pensar bastante: “Vós mesmos tendes
demonstrado que sois uma carta de Cristo, resultante de nosso ministério, escrita
não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em
tábuas de corações humanos!” (2 Co. 3.3)
Aqui tudo começa a fazer sentido,
quando paramos e percebemos que muito além da teoria que pregamos, precisamos
ser a própria resposta para a vida dos que nos cercam, seja ela em conforto,
demonstração de carinho, amor, tempo dedicado, honestidade, etc.
Vou citar um exemplo que aconteceu
esta semana: Eu estava no supermercado comprando algumas frutas e coisas, e
quando passei no caixa, a atendente passou somente o preço das frutas, e a
máquina que estava com defeito não leu o código das outras coisas, resultando
num valor BEM abaixo do que eu estava calculando. Assim que ela me disse o
valor, respondi espantado imediatamente: “Não, impossível”. Foi aí que ela
percebeu o erro que havia cometido e deixou escapar um “muito obrigado” de
desabafo (a gente sabe que o trabalhador é quem arca com os erros que comete).
A questão aqui é: Ela me agradeceu por eu ter sido honesto? Não há méritos
nisso, é apenas a criação que meus pais me deram e que a Palavra me ensina como
padrão de Cristo.
Entendi então hoje, muito mais do que
escrever um monte de textos, tenho procurado ser a carta de recomendação de
Cristo, não escrita em texto de blog, ou em papel e caneta, mas em tábua de
carne...