Pensei em várias formas de escrever sobre quem realmente sou
Para que de algum jeito
fosse menos tenebroso, menos obscuro
“Um texto?” Pensei...
Poesia? Talvez...
Porque no fim das contas a vida
é assim, nada exato como na matemática
E se alguém se identifica:
te digo, meu amigo, é puramente uma questão carismática
Sou mais um refém de minhas
próprias palavras duras
Algumas vezes acusador, outras,
apenas um ser angustiado em suas penumbras
Um hipócrita com todas as
letras, sem medo de escandalizar-te, meu caro leitor
E se ainda existe alguém que
me achava certinho, meus pêsames, de longe errou
Qual o motivo de ostentar
uma boa imagem?
Será que esta poesia é uma
autosabotagem?
Aos poucos me lembro de algumas mazelas, manias e até espertezas
Oh como seria ruim, se
alguém conhecesse minhas profundezas
Não sei exatamente o porquê
da necessidade de expressar tudo isto agora
Talvez porque dentro de mim
a mudança grite: “Ande logo, sem demora!”
Alguns podem achar que isso
tudo é insanidade
Citando Salomão, pergunto: “não
é tudo vaidade?”
Entre um verso e outro sou
tentado a não me achar tão ruim
Mas permaneço focado em
dizer a mim mesmo que é assim!
Quem sabe eu não seja o
único a quem estas coisas consomem
Desfaço-me das doces ilusões
da síndrome do super-homem
Como cego: sem rumo e
errante
Algumas vezes assemelhando-me a um Frankstein ambulante
Tão distante do que gostaria
de ser
Tão focado em tudo que
gostaria de ter
Envergonhado dos planos
fracassados
Das feridas abertas e dos
maus conquistados
Este sou eu lutando para que
tudo isto se transforme em algo bom de verdade
Este sou eu sem medo de
admitir o meu poço de maldade
No fim das contas, se de
antemão não fosse comprado a preço de cruz
Voraz seria minha aptidão em
desviar-me da luz
Aceito com dificuldades que
sou perdoado
A preço de sangue comprado
Sou alguém que nasceu
perdido, da graça, totalmente desprovido
Mas achado antes que houvesse
tempo. Escolhido
Idéia paradoxal, algo que
ainda não entendo completamente
Mas aos poucos, respostas
encontro lentamente.
Sem máscaras, quem somos? O
mocinho ou o vilão?
A única resposta que pode
ser considerada uma conclusão
É que Se não fosse por
Cristo, mesmo este que se reconhece que filho amado
Nunca de si mesmo teria se
transformado