segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Vida

Presenciar o novo nascer
Relembrar o velho morrer
Viver a saudade da nostalgia
Mostrar o vício pela alegria
Que todo ser esconde e busca
Seja na luz ou na penumbra,
Seja no centro ou na divisória
No fim do mundo ou começo da história
Tudo se resume a um vislumbre
Um olhar nos olhos do Ser perfeito
Do Criador do qual suspeito
Ter um amor tão grande pelos imperfeitos
Que as rimas não podem falar direito
O que traz ao fim este mero poema
De um escritor que abandona as explicações para este tema
Já que palavras não são suficientes

Para descrever um ser transcedente

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Tirando a máscara



Pensei em várias formas de escrever sobre quem realmente sou
Para que de algum jeito fosse menos tenebroso, menos obscuro
“Um texto?” Pensei...
Poesia? Talvez...
Porque no fim das contas a vida é assim, nada exato como na matemática
E se alguém se identifica: te digo, meu amigo, é puramente uma questão carismática

Sou mais um refém de minhas próprias palavras duras
Algumas vezes acusador, outras, apenas um ser angustiado em suas penumbras
Um hipócrita com todas as letras, sem medo de escandalizar-te, meu caro leitor
E se ainda existe alguém que me achava certinho, meus pêsames, de longe errou
Qual o motivo de ostentar uma boa imagem? 
Será que esta poesia é uma autosabotagem?

Aos poucos me lembro de algumas mazelas, manias e até espertezas
Oh como seria ruim, se alguém conhecesse minhas profundezas
Não sei exatamente o porquê da necessidade de expressar tudo isto agora
Talvez porque dentro de mim a mudança grite: “Ande logo, sem demora!”
Alguns podem achar que isso tudo é insanidade
Citando Salomão, pergunto: “não é tudo vaidade?”

Entre um verso e outro sou tentado a não me achar tão ruim
Mas permaneço focado em dizer a mim mesmo que é assim!
Quem sabe eu não seja o único a quem estas coisas consomem
Desfaço-me das doces ilusões da síndrome do super-homem

Como cego: sem rumo e errante
Algumas vezes assemelhando-me a um Frankstein ambulante
Tão distante do que gostaria de ser
Tão focado em tudo que gostaria de ter
Envergonhado dos planos fracassados
Das feridas abertas e dos maus conquistados

Este sou eu lutando para que tudo isto se transforme em algo bom de verdade
Este sou eu sem medo de admitir o meu poço de maldade

No fim das contas, se de antemão não fosse comprado a preço de cruz
Voraz seria minha aptidão em desviar-me da luz
Aceito com dificuldades que sou perdoado
A preço de sangue comprado
Sou alguém que nasceu perdido, da graça, totalmente desprovido
Mas achado antes que houvesse tempo. Escolhido
Idéia paradoxal, algo que ainda não entendo completamente
Mas aos poucos, respostas encontro lentamente.

Sem máscaras, quem somos? O mocinho ou o vilão?
A única resposta que pode ser considerada uma conclusão
É que Se não fosse por Cristo, mesmo este que se reconhece que filho amado
Nunca de si mesmo teria se transformado

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A noiva zumbi e as 5 Solas



Ok, admito... Esse é um texto muito mais carregado de revolta e tristeza do que de poesia, porque ainda prefiro nadar contra a maré mesmo que temendo me afogar, prefiro que minha voz seja apenas uma das poucas que gritam não em meio a uma multidão que grita sim, prefiro ser tido como menos espiritual do que me render ao sistema de costumes impostos ideologicamente pelos semideuses e arcanjos da fé. Reuni alguns pensamentos para construí-lo. Então vamos começar questionando alguns pontos e explanando um pouco das “5 Solas” da reforma protestante:
Por que nos parece mais poderoso quando alguém ora dizendo "profetizo" do que quando alguém ora humildemente dizendo "Senhor, meu desejo é que..." finalizando com um "mas que seja feita a tua vontade" quando esta forma é muito mais parecida com o que o Jesus de Nazaré ensinou? Não seria esta uma tentativa de "manipular" a vontade de Deus? O modelo que Jesus nos fornece de oração em MT 5, Jo 17, e MT 26 e até a oração do publicano que Ele elogia é completamente diferente do que julgamos ser uma "oração poderosa". Neste ponto, entendemos a angústia dos pais da igreja que devem se revirar no túmulo quando as experiências pessoais (não sou contra elas) se tornam doutrinas (sou contra estas) ao afirmarem: Sola Scriptura, somente as escrituras são suficientes para revelar-nos quem é Deus, pois Jesus foi a plena revelação de Deus.
Por que quando dizemos o jargão de que a árvore se conhece pelos frutos no “mundo gospel” pensamos logo em “quantas almas” (como se almas se não fossem pessoas com um corpo e uma psique) a tal árvore ganhou para o reino? Primeiro que eu não ganho ninguém, apenas divulgo a boa nova que me alcançou e o Espírito é quem convence do pecado e segundo que a própria bíblia nos dá um exemplo de fruto do espírito pelo qual deveríamos ser reconhecidos em Gl.5: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança". Soli Deo Glória, só a Deus a glória, porque tudo foi criado dEle, por Ele e para Ele, e as “almas” e o fruto do espírito devem glorificar a Ele.
Sonho com o dia em que todos vamos nos olhar e nos reconhecer como um único corpo de Cristo. Sonho com o dia em que os pastores irão pensar mais no reino de Deus e do que no reino de seu domínio. Sonho com o dia em que a noiva deixará de ser zumbi e andar errante para ser a noiva do Cristo.  A verdade é que vejo a noiva (num contexto geral) como um zumbi com o corpo mutilado e as feridas em decomposição. Solus Christus, somente Cristo, Ele é o Deus que cura e um dia irá curar e buscar a sua noiva, somente Cristo para amar incondicionalmente sua noiva do jeito que está.
Em um tempo caótico onde a submissão e a obediência aos líderes está acima até da autoridade dos pais, onde vê-se pessoas vendendo indulgências e cobrando trízimos para a prosperidade e salvação, onde os homens se auto-consagram algo próximo à 4 pessoa da trindade, onde milagres viraram produtos de vitrine, onde a fé virou um show de TV, é muito normal que alguns sensatos acabem por entrar em um “mini pânico”. Sola Fide, só a fé (em Deus), para que não percamos de vista o essencial, só a fé para que continuemos caminhando com os olhos fixos no único que é Deus, e desta forma, esta falsa cópia de evangelho pregada pelos homens com fé apenas em si mesmos seja abafada até silenciar-se diante do Deus Criador.
Uma vez que entendemos quem somos nunca iremos deixar de ver que somos todos mendigos aceitos pelo Rei, acolhidos em seu reino e muito mais do que isto, postos à sua mesa para cear com Ele. Somente um Deus que é completamente amor teria a capacidade de fazer isto, e por isto deixei a última sola de propósito, pois ela é a que mais demonstra um carinho paternal onde todos somos protegidos, e pela qual somos salvos. É ela, a Graça! Minha boca se enche ao dizer esta palavra, porque é literalmente maravilhosa, meu coração se entorpece de alegria e minha alma vibra ao ouví-la. Certa vez ouvi que evangelizar é um mendigo dizendo a outro mendigo onde encontrar pão (Spurgeon), e somente um mendigo que sabe o que é fome saberá dar necessariamente o valor do pão. Sola Gratia, SOMENTE PELA GRAÇA somos todos nivelados por baixo, ao ponto onde o sangue de Jesus nos redime e nos faz ser aceitos em uma explosão de compaixão e ternura, e desta forma, salvos.

PS: acredito sim que existe uma parte deste corpo de Cristo que continua intacto, comprometido e incorruptível, mas infelizmente é assim que percebo o contexto geral no mundo gospel, é assim que muitos fora do "arraial de canaã" enxergam a nós, como igreja.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Adeus ou olá? Os dois!



Tenho pensado na carga emocional de alguns lugares que certamente não são os lugares onde alguém gostaria de pedir ou ser pedido em casamento ou passar os melhores e mais momentos marcantes de sua vida, lugares onde o adeus e o olá se abraçam de forma terna para dar partida a novas coisas: temporais ou permanentes. Estou falando de rodoviárias e aeroportos. “– Mas qual a relevância de falar sobre rodoviárias e aeroportos?”. Reconheço que talvez não seja o tema mais interessante, mas estes lugares tem feito parte da minha vida ultimamente e tenho pensado muito sobre isso, então vamos lá:
Uma vez ouvi que todo adeus é um olá. Talvez isso faça muito mais sentido para todos aqueles que já deixaram suas casas para aventurar-se numa terra desconhecida e desafiadora onde, sem sombras de dúvidas, iriam se deparar com uma palavra que por vezes é um monstro atormentador e por vezes é um anjo salvador vestido de roupas reluzentes (ow glórias):  “o novo”. Bem... o novo nem sempre é desejado ou planejado, nem sempre é o que gostaríamos ou esperávamos, mas de fato o novo é sempre novo, e como todo novo traz consigo aquele friozinho na barriga, é desnecessário (neste momento) afirmar o denso significado de tal expressão.
Quem nunca se sentiu angustiado ou aliviado a caminho de algum aeroporto ou rodoviária desejando que os segundos passassem cada vez mais devagar (para os que partem) e cada vez mais rápido (para os que chegam)? É lógico que existem exceções onde a alegria é pelos que partem, mas esta não é a maioria dos casos (é uma pena, existe muita gente mala... rsrs).
Fico imaginando se esses lugares pudessem contar histórias. Tenho a certeza de que até mesmo você que está lendo o texto deste humilde aspirante a blogueiro, já buscou na memória e visualizou ou parou pra respirar fundo diante de alguma lembrança.
O fato é: acredito que a cada despedida um pouco de nós fica e um pouco dos outros vem junto. A saudade é como a gripe, enquanto você estiver vivo, nunca escapará dela! Cada olá traz consigo novas possibilidades e desafios, e ainda que nem sempre querendo continuar a andar, nos resta a opção única de sermos cada dia mais fortes neste livro inacabado chamado vida.

O meu desejo é que a cada partida eu saiba deixar a saudade da companhia ao mesmo tempo em que as marcas de transformação em mão dupla são evidenciadas. E que a cada olá eu possa ter a humildade de reconhecer que este novo capítulo merece tanta atenção e dedicação quanto o anterior, que o caminho para uma rodoviária ou aeroporto seja regado com sorrisos e lágrimas, mas sempre de felicidade e sensação de dever cumprido.