segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Montanhas ou planícies?




Desejo limitar-me a um pequeno acontecimento para classificar 2 tipos de pessoas que acabei descobrindo enquanto viajava. Há 2 tipos básicos de pessoas: as pessoas planícies e as pessoas montanhas. Estranho né!? Logo de início, se eu fosse perguntar para você com qual nome você se identificaria mais, o que me diria? Bem, vou falar um pouco a respeito do que notei em uma singela experiência particular.
As pessoas montanhas são aquelas que não gostam de enxergar muito longe, fazer planos a longo prazo, correr, pois veneram a sensação de enxergar o que seus olhos podem ver detalhadamente, são pessoas cautelosas e na maioria das vezes sentem-se “protegidas” quando envolvidas pelas montanhas ao seu redor. Este tipo de pessoa possui muitas qualidades como por exemplo a análise racional e enfática de tudo a sua volta, o famoso chamado “pé no chão”. Possuem também defeitos como o trancamento no seu próprio mundo protegido pelas muralhas que as cercam e preferem ficar ali, no seu ambiente de segurança, onde nada consegue alcançá-las.
Já pessoas planícies são aquelas que reverenciam a linda vista multicolorida do largo horizonte a sua frente, deixando assim alguns detalhes de coisas próximas desapercebidos. Pessoas assim costumam sonhar, sonhos além do “alcance da mão” e dentre as qualidades podemos citar vontade inerente de voar em quaisquer circunstâncias, uma fé que nem sempre se consegue explicar. Já um de seus defeitos é correr olhando para o horizonte, esquecendo-se das pedras no meio do caminho, tropeçando e caindo muitas vezes, mas sempre levantando-se e correndo novamente em direção ao horizonte.
Então volto a te perguntar, meu caro leitor, você é uma pessoa montanha ou planície?

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma história de arrependimento



                Durante aquela longa madrugada o galo finalmente cantara. Trazia consigo uma nostalgia embebida de sentimentos ásperos e gélidos de uma triste solidão. Lá no canto, isolado, podia-se notar um homem choroso como uma criança que inconsoladamente e desesperadamente quer algo que não pode ter. Chorava e chorava e chorava o remorso de descobrir que tudo foi uma farsa, que havia sido enganado, entretanto algo ainda pior do que os sentimentos de deslealdade lhe tomavam o peito: a agonia de saber que havia sido enganado por si mesmo, pelo seu coração traidor.
            No peito uma dor insistentemente irremediável. A cabeça a mil já não mais conseguia pensar em nada relevante e ainda carregava o fardo de saber que aquilo tudo ainda não pararia por ali, aquela longa madrugada em aceso se prolongaria numa dolorosa manhã em que mundo jamais esqueceria.
            Pedro via-se contrariado por si mesmo, numa mistura de remorso e arrependimento: “O Mestre previu que eu o negaria e ainda sim não me odiou, como isto é possível?”. Os pensamentos de quem andou 3 anos com o Eterno encarnado e continuava sem conhecê-lo eram intensos, e Pedro notou que eram verdadeiros. Ainda sim, a pior tortura de todas foi imaginar que não mais conversaria com Ele, mesmo o Mestre tendo avisado que voltaria, e assistir a toda aquela dor de camarote. Com as mãos atadas aquele pescador grosseirão via-se completamente impotente.
            Após alguns dias o velho homem deprimido decidira voltar a pescar. Mas por quê? Há tanto tempo ele havia largado aquela prática, deixado para trás os afazeres do velho homem para finalmente ser alguém novo. Finalmente começara a perceber que não era tão diferente quanto pensava, finalmente deixara de acreditar no seu coração.
            Alguns discípulos se compadecendo da dor do companheiro embarcaram juntos, e passaram aquela noite frustrante sem um único peixinho até que um homem encapuzado chega e manda que lancem a rede do lado direito. Sem reconhecê-lo, os teimosos pescadores começaram a murmurar e dizer o quão ruim a noite havia sido, mas que mal há em apenas mais uma tentativa? Lançaram a rede e não conseguiram puxá-la de volta, 153 peixes foi o prêmio total pela obediência naquela ocasião.
            Reconheceram o Mestre todos que ali estavam, mas não Pedro. Pedro enxergava muito mais do que apenas o Mestre em carne e osso e Espírito, enxergava redenção para todo aquele acúmulo de dor silencioso, uma oportunidade de extravasar e colocar tudo para fora. Pedro enxergava arrependimento em si mesmo, finalmente percebera que todos aqueles anos seguindo a Jesus não o fizera conhecer tanto quanto o fato de tê-lo negado e se arrependido, começara a compreender que a graça de Cristo significa o tal do “favor imerecido”.
            Com seu coração ardente, mais do que qualquer outra pessoa no mundo, Pedro coloca sua roupa e não aguenta de tanta felicidade e ansiedade para conversar com Jesus, se atira ao mar antes mesmo que o barco atracasse na costa e corre loucamente ao seu encontro. Jesus o esperava com alguns pães e peixes, e Pedro finalmente percebera que o Eterno vem ao nosso encontro onde nós estivermos, ainda que com as práticas do antigo homem novamente, nos resgata de toda a dor e solidão, e ainda prepara um banquete.
            Então feliz, Pedro percebe que Jesus o havia encontrado, não o contrário.
Assim acontece com muitos até hoje, percebem que Deus é quem nos encontra e nos resgata.