terça-feira, 19 de abril de 2011

A Trilha



                Outro dia um amigo (Tiago Paim) me chamou para irmos num monte que ele tinha ido 10 ANOS ATRÁS (isto mesmo! 10 anos!!), para orarmos juntos. Ele não poderia ir sozinho porque não lembrava o caminho e poderia ser perigoso... logicamente eu e meu espírito aventureiro gritamos de felicidade ao saber que era fora da cidade e seria um silêncio total (assim como a propaganda que ele fez garantia: silêncio total!). Para este feito chamamos também outra amiga nossa (Cíntira, escritora do blog: http://wwwhumseila.blogspot.com recomendo, muito bom!!). Sem mais delongas vou compartilhar com os assíduos, fiéis e pouco numerosos leitores deste humilde blog (rsrs) o relato da história e as coisas que aprendi de Deus nesta experiência.
                Bem, tudo começou às 2:30 da tarde num sol de mais ou menos uns 40° (sem exageros!), deixamos o carro num lugar seguro e saímos andando. Depois de uns 45 mins. atravessamos a BR que separa a cidade da trilha onde supostamente encontraríamos o monte após mais meia hora de caminhada. Encontramos a tal trilha e começamos a andar por ela, e começamos a encontrar uma vegetação constituída de plantas grandes e pequenas, espinhosas e até aquelas que fazem a gente se coçar todo (essas são terríveis! Rsrs)... andamos mais um bom tempo e encontramos uma bifurcação. Na dúvida, resolvemos dar ouvido à única mulher do grupo que apontara para uma direção instintivamente, fomos na fé seguindo adiante.
                Andamos por este caminho até a trilha ir se estreitando cada vez mais e acabar, então concluímos que pegamos a direção errada na bifurcação de uns 20 minutos atrás. Voltamos e pegamos o outro caminho na nossa jornada incansável pela busca do tão bem propagado monte, na ânsia de orarmos e obtermos algumas respostas de Deus, experiências com Ele... Seguimos em frente e o mesmo aconteceu, a trilha foi se estreitando até que acabou e então percebemos que já era hora de voltar, já havíamos andado muito e não tínhamos alcançado nosso objetivo de encontrar o monte. Fizemos nossa oração lá mesmo e ainda felizes começamos a traçar todo o caminho de volta.
                Agora chegamos à parte interessante, não atingimos o nosso objetivo de chegar ao monte, mas isto não significou que não obtivemos o que deveríamos obter de Deus naquela tarde! Começamos a pensar em todo nosso esforço para alcançar o objetivo de chegarmos ao monte para termos o nosso encontro com Deus e chegamos a conclusões realmente muito significativas...
                Muitas vezes nós andamos pelos caminhos estreitos achando que é o caminho certo pelo simples fato de que o caminho certo é o estreito, mas todo caminho estreito é o certo? Não! Relacionando isto com nossa caminhada cristã: aquele caminho estreito e cheio de espinhos e empecilhos não era o caminho que nos levava ao monte (ao “encontro com Deus”), mas nos enganou por ser estreito! Só que nem todos os caminhos estreitos nos levam ao objetivo final do caminho certo, apesar de se parecem muito e possuírem os mesmos espinhos, pedras e obstáculos! E qual é este caminho estreito que não é o certo? RELIGIOSIDADE! Portando devemos tomar cuidado: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo...” Efésios 4:14 e 15).
                Mas não acaba por aí, falar só sobre a religiosidade renderia um texto inteiro (vou pensar na possibilidade de escrever sobre isto mais pra frente). Outra das conclusões que tiramos foi a seguinte: antes de passamos por ali, alguém precisou passar para “fazer” a trilha, limpar o caminho e fazer com que ele aponte para algum determinado local. Foi exatamente isto que Jesus fez para nos indicar o caminho certo, ele veio antes, tornou o caminho menos difícil e com uma direção, o que não significa que o caminho seja fácil, só, é menos difícil quando andamos pelo caminho que Ele abriu, porque Ele se fez o próprio caminho: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida" (João 14:6).
                Mas para que estas coisas fossem ministradas aos nossos corações, nosso objetivo deveria estar realmente em Deus, caso contrário nossos corações estariam fechados por não alcançarmos o objetivo que achávamos que era o principal e fecharíamos nossos ouvidos ao murmurar por termos andado tanto. Portanto Deus necessitava ver corações abertos pois: “O que tem o coração aberto é como o solo arado, que tem um sulco aberto onde a Palavra cai e frutifica.” (Oséias 10:12)
                A nível de informação, andamos de 2:30 as 5:30 da tarde sem intervalos por volta de aproximadamente 15 km (ou mais), e pegamos a estrada errada para voltar. Acabamos nos encontrando quase do outro lado da cidade, mas ficamos muito felizes pelo bom tempo de risadas, dedicação e separação de uma tarde inteira e de nossas forças para Deus. Aqui vai a dica: Ainda que você não alcance o objetivo que traçou, mantenha o coração aberto porque Deus pode falar coisas muito maiores do que se você tivesse alcançado seu objetivo. E tome cuidado, os caminhos estreitos nem sempre são os certos!

Sinval Guerra

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O meu verdadeiro eu




             O que significa o coração de Deus? O que seria o coração de Deus na sua vida? O que você acha que representa para Deus e o que você acha que Deus representa para você? Acredito que à medida que as perguntas vão avançando é necessário que se busque mais profundamente respostas diretamente de Deus em nossas vidas... por isto desta vez vou deixar a preocupação de lado e me abster de pensar o que as pessoas “vão achar” para agarrar-me a uma coisa tremenda que o Senhor ministrou ao meu coração!
             E se eu dissesse que o coração de Deus na sua vida é você mesmo, você acreditaria ou se escandalizaria? Este pode parecer um conceito um tanto estranho, mas vamos falar a respeito do que separa o nosso “verdadeiro eu” do eu que pensamos que somos, e então iremos entender o coração de Deus em nossas vidas.
             Segundo Max Scheler (um dos principais autores da Antropologia Filosófica) a “esfera” do Ser Absoluto (Deus) reside no homem e permanece intocada, ainda que o homem tenha mudado suas concepções e atos relativos a conteúdos e materiais que a compõem... a “esfera” do Ser absoluto continua como parte constituinte da própria essência do homem.
             Falaremos um pouco mais sobre a teoria de Scheler para entendermos melhor o coração de Deus! – Mas o que este antropólogo sabe a respeito de Deus? Ele era evangélico? Acreditava em Deus? – Não sei, mas ainda que ele não tenha crido no verdadeiro Deus, a verdade teológica que por ele é revelada, é muito espiritual! Vamos lá então:
O ser Absoluto tem a natureza imutável: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente.” (Hebreus 13:8) e reside no homem: “O vosso corpo é templo do Espírito Santo” (1Coríntios 6:19). Então mesmo residindo no homem, ainda que o homem tenha sido agravado por uma total decadência espiritual ao longo da história e ainda que o homem resista a sua grandeza e o seu poder absolutos, a natureza de Deus continua imutável, no entanto não deixa de habitar no homem que o aceita e o confessa com sua boca.
Quando Deus soprou a vida nas narinas do homem, junto com aquele sopro havia o Espírito Santo que faz moradia em nossos corações, e o Espírito Santo é tão Deus quanto o próprio Deus o é! Portanto a essência do homem (citada por Scheler) é exatamente desempenhar a função do propósito pelo qual ele foi criado! E quem criou você a não ser o próprio Deus? E quais os propósitos de Deus na sua vida? Chegamos então ao assunto citado no início do texto, o coração de Deus!
O coração de Deus na sua vida é o “seu verdadeiro eu”, o ser que não foi atingido pelo pecado, inveja, cobiça, nem a corrupção dos conhecimentos inadequados que criam barreiras entre os conhecimentos verdadeiros e os conhecimentos que levam à soberba e à retenção da expansão das nossas vidas e nos deixam aprisionados a conceitos vazios e sem lógica espiritual pois a essência do seu verdadeiro ser (a qual todos deveríamos nos atentar) está em Deus, e Deus é incorruptível!  A essência verdadeira é puramente o Espírito de Deus!
Desta forma o seu verdadeiro eu, não é o que você acredita ser (você não tem a capacidade de enxergar tão longe)! Muito menos o que te disseram que você era, ou te fizeram acreditar (se nem você sabe o que realmente é, imagine os outros)! O seu verdadeiro eu é uma pequena parte do infinito Deus! Isto mesmo! Você é uma parte de Deus, do coração dEle, afinal você é parte da família do Altíssimo! Filho amado dEle (e filhos sempre têm uma herança genética dos pais, neste caso a herança da essência)! Não foi baixo o preço de sangue pago que nos limpa e lava de todos os pecados.
Assim como Paulo teve o entendimento deste fato e escreveu: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gálatas 2:20). O meu verdadeiro eu apenas vive na inter-relação da coexistência na dependência total de Deus, porque quando chegamos a este ponto, somos um só com Ele. Eu só consigo ser o meu verdadeiro eu quando o Espírito Santo toma tamanhas proporções que de mim apenas resta o corpo de carne e deixo mover-se livre e levemente a vontade de Deus. Eu sou o meu verdadeiro eu quando obedeço e me entrego de coração, de forma que não mais hajam vontades da corrompida natureza à qual eu acredito pertencer. Eu sou o meu verdadeiro eu quando aceito a paternidade de Deus e entendo o propósito para o qual fui criado: adorá-lo.
Portanto gostaria de finalizar com uma humilde exortação: busque de Deus quem é você de verdade! Busque de Deus quais os planos dEle na sua vida, e não quais são os seus para que Ele te abençoe! Busque de Deus quais dons Ele te deu para trabalhar da melhor forma possível e frutificar, e, por fim, busque de Deus ser o coração dEle na sua vida, seja o seu verdadeiro eu!


Sinval Guerra