terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Incansável busca

 


                Ultimamente tenho notado uma tendência invadindo de forma sorrateira o coração e a mente de nossa geração. A grande e longa busca pelo “amor da vida”, pela “cara-metade”, pelo “príncipe (ou princesa) encantado”.
                É muito difícil manter-se em sã consciência em meio à enxurrada de informações midiáticas a respeito do “romance ideal”. Parece-me que todas as novelas, músicas, postagens do facebook, filmes e até seriados giram em torno disto. Talvez por este motivo muitos atribuam o conceito de felicidade ao encontro de sua “outra metade” transformando a felicidade em um destino, ou seja, quando dizemos que seremos felizes “SE” ou “QUANDO”, estamos limitando a nossa felicidade ao objeto que desejamos, neste caso, um belo romance: “serei feliz QUANDO encontrar alguém que me ame de verdade”.
                Atribuir a felicidade a um romance é o mesmo que depositar todas as suas expectativas de sucesso a alguém tão falho quanto você, por isto é que a maioria das pessoas que se decepcionam em seus relacionamentos sofrem tanto, acreditando na mentira absurda que só se é feliz quando se tem alguém, ou pior, “aquela pessoa em específico”, sendo assim, com a não realização do desejo, caem em depressões, deviam-se de seus caminhos, esquecem sua identidade, e até forjam uma personalidade completamente diferente da que se possui, perdendo-se completamente dentro de si mesmas. Talvez por isto existam tantos relacionamentos que começam e terminam tão rápido quanto um relâmpago no céu. Talvez por isto tantas pessoas procurem incansavelmente alguém numa tentativa após a outra quase que sem intervalos e quando menos percebem estão atoladas nas dúvidas de saber o que realmente querem ou precisam.
                Não me interpretem mau, não é que não seja bom, é justamente o oposto, é maravilhoso! Se não fosse maravilhoso Deus não haveria criado uma Eva para Adão, pois havia um vazio no coração do homem que mesmo a comunhão diária com o Senhor nosso criador não preenchia, havia uma parte que necessitava ser completada e o Senhor viu que não era bom que Adão ficasse sozinho, da mesma forma não é bom que ninguém fique sozinho para o resto da vida.
                O que estou querendo dizer é que condeno essa busca desenfreada e desesperadora por alguém fantasioso pelo simples motivo de que é o que a sociedade impõe e deseja que pensemos. Este não pode ser nosso objetivo de vida, pois se minha felicidade está atrelada a “quando” ou “se”, estou anulando o sacrifício da cruz e afirmando pra Jesus que Ele não me basta, que somente possuir a Ele no coração não me faz feliz, não o suficiente, preciso de mais!
                Analisemos Salmos 16:11 :“Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente” e percebamos a verdade de que ir na contra-cultura do que vem sendo estigmatizado de forma inconsciente, é afirmar com toda a certeza do mundo de que Deus é quem nos faz feliz, e quando andamos em obediência, os desejos do nosso coração são cumpridos, sejam eles quais forem. Existe sim alguém especial separado esperando o momento certo em que os olhares se cruzarão e o verdadeiro amor citado em Coríntios 13 irá surgir, mas existe um porém nisto tudo, desde que Deus seja o centro de nossas vidas, e sejamos felizes no hoje com Ele, pois quem vive com Deus é feliz hoje, agora, porque encontrou o maior tesouro.
                Portanto conheçamos a Deus para nos conhecer melhor, busquemos dEle qual seja sua boa perfeita e agradável vontade e creiamos que nossa hora irá chegar e encontraremos quem desde já nos faz falta, crendo no relacionamento saudável que acontecerá (e os relacionamentos só são de Deus quando são saudáveis), e que paremos de procurar com nossos próprios olhos ou usando a força de nossos braços. Que quando encontremos o nosso grande amor (Eros), não façamos dele nosso deus, pois o verdadeiro Deus não divide sua glória com ninguém.

Sinval Guerra

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Intelectualismo Cristão

            

            Gostaria de começar este texto recitando um versículo muito conhecido que o homem mais sábio de todos segundo a bíblia, o rei Salomão, em um momento de demonstração de tal sabedoria, afirmou: “vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade” (Ec. 12:8).
            Se pararmos para analisar o contexto da fala do rei Salomão no livro de Eclesiastes, poderemos refletir e imaginar que na época em que este versículo foi escrito as “opções de vaidade” eram muito menores que as atuais, afinal naquele tempo não existia a indústria cosmética, grifes de roupas, e a internet onde se pode potencializar a modinha egocêntrica da “glória para mim” em que pessoas têm clamado: “Ei! Olhem para mim! Olhem o que EU sou e o que EU faço!” esquecendo-se que “dEle, por Ele e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente.” (Romanos 11.36)
            Segundo o dicionário Aurélio, vaidade é a “qualidade do que é vão, ilusório, instável ou pouco duradouro" e tomando como referência este conceito, podemos perceber que o rei Salomão acertou “na mosca” quando dizia que tudo era vaidade.
            Foi então, analisando situações do cotidiano que cheguei à conclusão, ainda que alguns discordem da minha opinião, que é muito claro e perceptível que uma das maiores vaidades do ser humano na contemporaneidade, levando-se em consideração que a inteligência é e sempre foi um “objeto” muito cobiçado, considerado um divisor de águas em qualquer sociedade, e em qualquer tempo é o “intelectualismo” quando não usado de forma adequada.
            Analisando os intelectuais dos dias atuais, não é difícil encontrarmos alguns que se achem “detentores da verdade” por terem uma carga de conhecimento relativamente maior do que o resto da população e é justamente neste ponto em que podemos tratar do intelectualismo como uma vaidade.
            Não condeno a busca pelos conhecimentos, pelo contrário, discordo radicalmente do pensamento de alguns cristãos de que a vida é “curta e passageira” o suficiente para não levarem a sério a ciência, o que condeno é o sentimento de auto-suficiência que a intelectualidade, quando não dosada na medida certa, pode levar o sujeito que a busca.
Acredito que a vontade de Deus seja o desenvolvimento do ser humano enquanto ser político que depende de relações sociais desenvolvidas para, dentre outras coisas, assimilar o que seria o convívio mais próximo ao que Ele estabeleceu como sendo o ideal de comunhão com os irmãos (amar o próximo como a si mesmo), como também no desenvolvimento humano no campo cientifico onde o homem não consegue achar todas as respostas se não tiver a fé como principal bússola, afinal quem já estudou o corpo humano, por exemplo, sabe que ele é uma “máquina perfeita”, e somente poderia ter sido criada pelo nosso Senhor que é o ser perfeito e criador de toda obra prima.
            Posso ir até mais fundo e recitar outro versículo: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32) e afirmar que o conhecimento nos leva à liberdade desejada pelo criador. Ele fez o ser humano para que fosse livre e pudesse enxergar TODA a verdade existente na vida. O conhecimento que Ele deseja nos proporcionar não é um conhecimento vaidoso (ilusório ou instável, com a finalidade de engrandecimento próprio), é um conhecimento completamente real! O crescimento intelectual que Cristo quer para nós se constitui na base da verdade que é a sua própria essência, é desenvolver em si as qualidades que Ele possuía enquanto andou pelo nosso mundo, portanto, a verdade dEle é muito diferente da verdade buscada pelos legalistas que se julgam intelectuais e doutores da lei e da ciência que usam da inteligência como ponto de base de seu egocentrismo ou como um aparelho ideológico, subjugando o resto da população e manipulando da forma que melhor entende o ambiente ao seu redor.
            E ainda: “sede transformados pela renovação do vosso entendimento” (Romanos 12:2b) para fechar com chave de ouro e provar que devemos servir a Deus com todo nosso intelecto, mas não um intelecto auto-suficiente, e sim um intelecto direcionado pelo Espírito Santo que nos leva a ser transformados em verdadeiros cristãos (pequenos Cristos) que não só acreditam (fé), mas entendem que a natureza divina de Deus transcende qualquer inteligência humana! E tudo que esteja fora desta verdade que a bíblia nos ensina, é vaidade e aflição de espírito!