Ultimamente tenho notado uma tendência invadindo de forma sorrateira o coração e a mente de nossa geração. A grande e longa busca pelo “amor da vida”, pela “cara-metade”, pelo “príncipe (ou princesa) encantado”.
É muito difícil manter-se em sã consciência em meio à enxurrada de informações midiáticas a respeito do “romance ideal”. Parece-me que todas as novelas, músicas, postagens do facebook, filmes e até seriados giram em torno disto. Talvez por este motivo muitos atribuam o conceito de felicidade ao encontro de sua “outra metade” transformando a felicidade em um destino, ou seja, quando dizemos que seremos felizes “SE” ou “QUANDO”, estamos limitando a nossa felicidade ao objeto que desejamos, neste caso, um belo romance: “serei feliz QUANDO encontrar alguém que me ame de verdade”.
Atribuir a felicidade a um romance é o mesmo que depositar todas as suas expectativas de sucesso a alguém tão falho quanto você, por isto é que a maioria das pessoas que se decepcionam em seus relacionamentos sofrem tanto, acreditando na mentira absurda que só se é feliz quando se tem alguém, ou pior, “aquela pessoa em específico”, sendo assim, com a não realização do desejo, caem em depressões, deviam-se de seus caminhos, esquecem sua identidade, e até forjam uma personalidade completamente diferente da que se possui, perdendo-se completamente dentro de si mesmas. Talvez por isto existam tantos relacionamentos que começam e terminam tão rápido quanto um relâmpago no céu. Talvez por isto tantas pessoas procurem incansavelmente alguém numa tentativa após a outra quase que sem intervalos e quando menos percebem estão atoladas nas dúvidas de saber o que realmente querem ou precisam.
Não me interpretem mau, não é que não seja bom, é justamente o oposto, é maravilhoso! Se não fosse maravilhoso Deus não haveria criado uma Eva para Adão, pois havia um vazio no coração do homem que mesmo a comunhão diária com o Senhor nosso criador não preenchia, havia uma parte que necessitava ser completada e o Senhor viu que não era bom que Adão ficasse sozinho, da mesma forma não é bom que ninguém fique sozinho para o resto da vida.
O que estou querendo dizer é que condeno essa busca desenfreada e desesperadora por alguém fantasioso pelo simples motivo de que é o que a sociedade impõe e deseja que pensemos. Este não pode ser nosso objetivo de vida, pois se minha felicidade está atrelada a “quando” ou “se”, estou anulando o sacrifício da cruz e afirmando pra Jesus que Ele não me basta, que somente possuir a Ele no coração não me faz feliz, não o suficiente, preciso de mais!
Analisemos Salmos 16:11 :“Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente” e percebamos a verdade de que ir na contra-cultura do que vem sendo estigmatizado de forma inconsciente, é afirmar com toda a certeza do mundo de que Deus é quem nos faz feliz, e quando andamos em obediência, os desejos do nosso coração são cumpridos, sejam eles quais forem. Existe sim alguém especial separado esperando o momento certo em que os olhares se cruzarão e o verdadeiro amor citado em Coríntios 13 irá surgir, mas existe um porém nisto tudo, desde que Deus seja o centro de nossas vidas, e sejamos felizes no hoje com Ele, pois quem vive com Deus é feliz hoje, agora, porque encontrou o maior tesouro.
Portanto conheçamos a Deus para nos conhecer melhor, busquemos dEle qual seja sua boa perfeita e agradável vontade e creiamos que nossa hora irá chegar e encontraremos quem desde já nos faz falta, crendo no relacionamento saudável que acontecerá (e os relacionamentos só são de Deus quando são saudáveis), e que paremos de procurar com nossos próprios olhos ou usando a força de nossos braços. Que quando encontremos o nosso grande amor (Eros), não façamos dele nosso deus, pois o verdadeiro Deus não divide sua glória com ninguém.
Sinval Guerra